quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Amor, gritei amor em todas as ruas desta cidade.


Lembras-te do pensamento que compraste num café rasca à beira do jardim?
Foi qualquer coisa como “beija-me”, escrito a lápis.
Disse-te que os meus pensamentos não têm preço e que apenas os poderias comprar com o sabor dos teus lábios, e a tua saliva entardeceu na minha boca.

Éramos fortes ainda, como muralhas indesmentíveis na certeza de que nada melhor existia do que o dia seguinte, sempre o dia seguinte.
Fumávamos cigarros partilhados, fazias parte de todos os meus vícios e como ficavas bonito debaixo da chuva.
A tua pele tão branca e o teu olhar tão puro de adolescente na falta de nitidez do destino.

Amor, gritei amor em todas as ruas desta cidade. Depois de amor era sempre o teu nome, escrevi o teu nome em todos os meus livros. Deste-me todos os meus livros. Dei-te tudo o que era e foi tão pouco.

2 comentários:

  1. Sublime. É um pouco assustador quando algo tão pessoal toca outras pessoas, não é?

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  2. É. Assustador mas ao mesmo tempo reconfortante. Se alguém consegue perceber o que o que os nossos olhos olham e ser tocado por isso...
    Obrigada :)

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